Um espelho de tudo o que me vai pela cabeça

terça-feira, outubro 21, 2003

Há muito tempo que não escrevo. Não porque nada me passe pela cabeça. Aliás não me consigo lembrar de muitos momentos em que a minha cabeça tenha estado vazia. Só oca, mas isso já todos sabem.

Sempre achei importante ganhar. Pertenço ao grupo dos que têm mesmo mau perder. A maior parte das pessoas não nota. Há qualquer coisa que se aprende ao passarmos vinte verões a jogar canasta contra a nossa Avó. E a minha joga melhor que eu. E tem mais prática (desculpas manhosas são sintomas do mau perdedor, ao nível do "fomos roubados pelo árbitro" ou "toda a gente viu que o serviço estava fora e o match point foi inválido"...). Disfarço muito bem. Um sorriso discreto, um "já estava à espera", mas por dentro grito "perdi, perdi, merda, perdi!!!!". Esta minha faceta não teria nada de relevante, não fosse aplicá-la a quase tudo na vida. Quase tudo pode ser visto como um jogo. Um jogo que invariavelmente tenho de ganhar. Estou constantemente atenta aos movimentos dos adversários. E não posso perder. Não gosto de perder. Não costumo perder.
Por vezes, e isto acontece com mais frequência do que gostaria, as vitórias deixam-me um sabor ácido de derrota. É como quando ganhamos um jogo do peixinho a um miúdo de três anos depois de fazermos batota. E ele fica ali, com um olhar triste, de quem não compreende o que perdeu ou como perdeu. A ingenuidade derrota-me. E é sempre com argumentos de inocência que me fazem perder. Mesmo quando ganho.

No fundo invejo aqueles que conseguem ver a vida para lá do jogo. Aqueles que nunca perdem...

 
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