Conhecer-me a mim mesma
Nesta camapanha eleitoral aconteceu-me uma coisa estranha. Até hoje quando ia votar, apesar de fingir pensar imenso sobre o assunto, votava sempre quase numa de um-dó-li-tá. Não pensava muito sobre as ideologias ou propostas. Votar era quase uma questão afectiva. Gostava ou não gostava. Apetecia-me ou não me apetecia. Mais nada.
Ora desta vez, não sei se é da idade, pus-me a pensar a sério (sim, tenho tempo livre em excesso). Primeiro é a primeira vez que a minha irmã vai votar. Isto fez-me pensar que já tenho idade para votar a sério. Depois a minha irmã é partidária de tudo quanto é de direita (TUDO! menos o Santana, o que até é coerente). Tudo isto me fez pensar na construção da minha pessoa enquanto animal político.
Aqui começam os problemas. Descendo, por via materna, daquilo que de mais conservador e católico houve no nosso país. E, por via paterna, descendo também de uma série de gente defensora de ideais socialistas e ateus. Ganhar espaço para ter ideias próprias no seio da minha família é difícil. Mesmo na idade em que só queria ser do contra acabava sempre por encher de orgulho uma das partes. Como nunca consegui verdadeiramente ser do contra, no seio familiar, resolvi ser do contra em tudo o resto. Daí que os meus amigos de direita me achem de esquerda e os de esquerda vice-versa.
Acho que tenho um trauma. O facto de nunca me ter sentido uma combatente, no sentido de lutar contra os valores estabelecidos na família, fez de mim este ser sem convicção alguma que não seja ser do contra. De facto, faltou-me um passo importante na minha adolescência, que justifica esta minha atitude nos dias que correm...
Continuo sem saber em quem vou votar, nem porquê. Mas descobri que não sou mais que uma Mula Ideológia. Um hibrido. Que dá coices à esquerda e à direita, mas sem nunca saber muito bem porquê...
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