Um espelho de tudo o que me vai pela cabeça

terça-feira, agosto 16, 2005

Regresso ao Passado

As ruas eram as mesmas, o caminho era o mesmo. Só que agora era noite. Fiz o percurso com a mesma certeza de um autómato. Durante anos aquelas ruas foram o cenário da minha vida. Naquelas paredes escrevia a giz as letras dos Oasis, no caminho de casa. Procurei em vão vestígios da minha passagem. Nada. A vida continua ali da mesma forma, com os mesmos ritmos. Há sete anos, percorri um dia aquele caminho com a certeza de que era a útima vez. Acho que na altura nunca pensei que fosse ter saudades. A vida era uma estrada enorme que se abria à minha frente. Tinha tantos sonhos, tantas certezas. Parecia tudo tão simples e tão lógico.

Era noite e por isso não custou tanto. Porque era noite, os portões estavam fechados para todos e não apenas para mim. Porque era noite, estava sózinha e aquela rua era só minha. Só eu, o eco dos meus passos e a música, baixinho, nos headfones. Ia ter com os mesmos rostos de então. Aqueles que só de olhar me sinto como em casa. O caminho era o mesmo (não igual, mas semelhante), o correr da conversa foi o de sempre, familiar, a casa era nova.

Já passaram mais de dez anos desde que nos conhecemos. Desde que aquelas caras passaram de estranhas a familiares, de indiferentes a importantes. Hoje, depois de muitas voltas, de muitas aventuras, de tanta coisa, vejo que alguns dos sonhos se vão tornando reais... E naquelas paredes acabadas de pintar, senti-me, de novo, em casa.

 
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