Sobre a Espontaneidade
Passamos a vida obcecados com aquilo que os outros pensam de nós. E construímos a nossa maneira de ser um função do juízo que acreditamos que os outros fazem. Assim, muitos de nós perdem a espontaneidade. Na blogosfera isso é bastante visível. Há pessoas que usam os blogs como forma de autopromoção, tendo em vista determinados objectivos; há também os que usam os blogs para mostrarem aquilo que lhes vai na cabeça e que por norma guardam para si; há os que os usam para dizer aquilo que, por timidez ou qualquer outra razão não dizem, etc, e como tal tendem a mostrar uma imagem pensada e aperfeiçoada de si mesmos.
O que é certo é que os blogs tendem a dizer muito sobre nós, sobre a forma como gostaríamos que o mundo nos visse. Projectamos um eu pensado, pouco espontaneo.
Ora, na última semana tive duas conversas a este propósito, com duas pessoas diferentes. Ambos os senhores confessaram pensar bastante sobre aquilo que escreviam - um deles confessou, inclusivé, pensar bastante sobre tudo o que diz. Julgo, na minha microscópica sapiência, que estes senhores o fazem com medo do julgamento dos outros sobre os seus Egos espontâneos (e talvez mais verdadeiros - ou não).
Eu, pelo contrário, gosto de dizer e escrever exactamente aquilo que me passa pela cabeça, com um mínimo de "censura". Ora, esclareço, não o faço por possuir algum tipo de confiança inabalável - longe de mim ser uma pessoa muito segura. Se o faço, faço-o como sistema de auto-defesa. Prefiro que as pessoas levem com o pior de mim e depois um dia se surpreendam quando vislumbram um raio ínfimo de inteligência - mais do que isso só recorrendo à tecnologia da Nasa - do que saber que desiludi aqueles em quem confio e de quem mais gosto.
Claro que esta forma retorcida de ser se deve, antes de mais, ao facto de eu própria ser mais complacente com pessoas de quem não espero muito, do que com pessoas que me desiludem.
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