Um espelho de tudo o que me vai pela cabeça

quinta-feira, abril 28, 2005

Foi numa manhã. O despertador tocou à hora do costume. Era o primeiro a acordar e deixou-se ficar uns segundos sentado na borda da cama a apreciar aquele silêncio que era só dele. No caminho para a casa de banho fez uma lista mental de tudo o que tinha para fazer nesse dia ligar ao Antunes, marcar almoço com os tipos do Porto... Mas foi no momento em que olhou para o espelho que tudo mudou. Surpreendeu-se com o estranho que o olhava. Receou-o. Deixou-se ficar estático, vazio, a olhar para aquele rosto até que este se tornou num amontoado de formas abstratas.

Então acordou e viu o Mundo. Suspirou aliviado e já não estava rodeado de azulejos brancos e sim de relva e árvores e rios. Ouvia apenas pássaros e respirava a frescura do orvalho da manhã. Correu livre para o sol que nascia, enterrou os dedos na terra húmida. Sentia-se parte de Deus. Lembrou-se do sonho e por momentos ficou sério. Lentamente aproximou-se de um pequeno regato, de água límpida. Quando olhou, sorriu. Era a sua imagem que lhe sorria de volta.

Às vezes ainda sonhava que estava preso num quarto de paredes brancas. Mas, de um modo geral, era um homem feliz.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

uau. muito bom. muito visual. por uns momentos tb corri pela relva...

7:27 da manhã

 

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