Um espelho de tudo o que me vai pela cabeça

segunda-feira, maio 09, 2005

Homo Sapiens

Encontrar alguém que pensa como nós. Ou que pensou. Mesmo que esse alguém esteja morto há dezenas de anos. Saber que os meus sonhos estavam escritos antes de eu os sonhar. Que enchem páginas de cadernos já bafientos, que outros diários testemunharam o mesmo que o meu. Este é o sentimento que me faz sentir que pertenço a uma raça.

Há dias em que me sinto só no mundo em que vivo, como que dominada por uma loucura que me exclui, que me deixa reduzida a um espaço branco de um vácuo infinito. Não se trata de solidão física. Mas uma verdadeira solidão de alma. Como se de repente falasse uma língua só minha, alheia a todos os outros. Como se gritasse e ninguém me ouvisse. Como se o que faço, o que vivo, apenas fizesse sentido para outros e eu agisse, mecânica, fria.

Mas volta e meia, encontro um eco desse meu mundo. Um chamado distante. Uma página de um livro há muito esquecido, abandonado, sob o peso das suas palavras. É um encontro de almas. Um cordão umbilical que me liga à espécie humana. Que dá sentido ao absurdo dos meus dias...

 
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