A Menina atrás do Chapéu
Aqui há uns dez anos, num dia de muito vento e chuva, uma amiga perdeu um gorro, num episódio que até hoje suscita gargalhadas - minhas, não dela, que ficou sem o gorro que fora feito pela avó.
Hoje, um dia de muito vento e chuva, uma menina de casaco encarnado, chapéu impermeável e chapéu de chuva percorria a Rua de Campo de Ourique. (Se se interrogam do porquê de tanto chapéu é porque não conhecem esta menina, que tem um cabelo que à primeira gota de água ganha vida própria e encaracola, até ao ponto em que a menina em vez de cabelo tem uma juba...).
A menina andava a custo, porque o vento era muito forte e o chapéu-de-chuva demasiado grande. A menina, que se havia levantado uma hora mais cedo porque o seu telemóvel havia finalmente chegado e ela tinha de o levantar, praguejava num linguajar digno de camionista a fazer a 2ª circular em hora de ponta.
Ora, porque Deus nestas coisas da Justiça não dorme e deve ter acordado com vontade de se rir às minhas custas, perdoem-me, da menina, resolveu fazer o vento soprar ainda com mais força. E assim o chapéu impermeável (não o de chuva), levantou vôo. Ora, levantou vôo na direcção contrária à do destino da menina. A menina - que na altura vociferava qual marinheiro a quem retiram o apêndice sem anestesia - tentou voltar para trás, mas o vento ameaçou destruir o chapéu-de-chuva. A menina teve de fechar o chapéu-de-chuva (e a água, oh meu Deus, caía como cascatas sobre os seus cabelos) e correr em busca do chapéu.
Apanhei-o.
Mas o meu cabelo está quase afro...
1 Comments:
é para não gozares!
3:22 da tarde
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