Mudar de Caminho
Depois do comentário maníaco-agressivo que este meu post inspirou, resolvi olhar as pessoas de uma outra perspectiva. Hoje, acordei à hora que devia (às 7h15, como podem ver no meu schedule ali em baixo), e resolvi vir a pé para o trabalho (em vez de apanhar o Metro). Vinha a ouvir uma musiquita chill e a olhar para as pessoas imaginando-as os seres mais felizes do planeta: uma velhota com um saco de pão era uma avózinha adorável que contava histórias aos netos fazendo vozes engraçadas para os petizes se rirem. Um senhor de meia idade de bigode e de fato era um feliz executivo, pai de uns adolescentes exemplares (óptimos alunos, saem à noite em dosees certas, não veste roupa rasgada) e com uma mulher toda giraça (daquelas nunca-fiz-plásticas-porque-não-preciso-sou-feliz-assim).
A este ritmo, ao fim de dois quarteirões já ia aborrecida, a bocejar pelo calor da minha cama. A tentação estava lá. Era tão fácil descambar... Mas não, firme e hirta resisti heroicamente. Fiz a Rua de Campo de Ourique quase sem olhar para os demais transeuntes. Quando cheguei à Rua do Sol ao Rato (sim, sempre esta rua...) passa por mim uma camioneta com cebolas e afins cujos espécimes que estavam no habitáculo se fartaram de buzinar fazendo gestos alusivos ao meu, como dizer, colo. Nessa altura amaldiçoei a hora em que havia resolvido colocar uma camisola ligeiramente mais decotada que o habitual. A imagem daqueles "senhores" como uns tristes frustrados ainda passou pela minha cabeça, mas resisti caminhando mais depressa (já dizem os luteranos:o exercício evita o pecado...). Enquanto descia a rua voltei a sintonizar os pensamentos nas ondas do a-vida-é-bela-e-amarela. O céu estava azul, os pássaros pimpilavam (mmm há quanto tempo não via esta palavra, hein???). Mas eis que, ao chegar ao Rato a MESMA camioneta estava no semáforo (oh sorte do Demo!!!). De novo buzinadelas e gestos lascivos. A esta altura o meu plano esteve a um pêlo de ir ao ar... Comecei a achar que estavam a congeminar contra mim. A partir daí senti-me num livro de Le Carré ou assim. Na paragem do 74 cada velho a ler o Correio da Manhã era um espião disfarçado de olho em mim - porquê não me dei ao trabalho de imaginar.
Comecei a entrar em pânico quando no Marquês de Pombal me deparo com uma grupo de jovens "a distribuir o Destak". Apressei o passo. O escritório já não estava tão longe e se tinha sobrevivido até ali, conseguia sobreviver o resto do caminho. Ao passar pelo prédio do registo notarial, estava uma fila de gente que esperava que a repartição abrisse. Não pensei nos inúteis que estavam lá dentro. Nem nas horas que aquelas alminhas ainda ali iam estar até lhes darem um qualquer papel. Imaginei funcionários públicos de machados em riste prontos a destruir-me a mim e ao meu computador (!). Até esperei que interrompessem a emissão da rádio para dizerem "apanhámo-la!! a grande cabrona da blogosfera não mais irá postar!!! Mais informações com Luís Santos na edição das 9h".
Nessa altura já quase corria (sempre é um bom exercício cardio-vascular). Nem tomei o café do costume no Imaviz, voei para o meu escritório. Cheguei esbaforida, mas com picos de adrenalina que me fizeram trabalhar como nunca...
Acho que nunca mais venho de Metro.
5 Comments:
Hahahahahaahahahahahaha!!!!!!
Muito BOM....mas agora explica-me uma coisa...
Pq é no metro se vende pipocaS?!?
12:54 da manhã
genial!
BB e MM
1:02 da tarde
porque aquilo é um autêntico filme...
Mas posso esperar pela secção dos comentários deste post.
vá lá anonimo, eu sei que tu queres responder.
4:20 da tarde
Adorei!!!!!!!!!!!
6:54 da tarde
:DDDDDDDDDDDDDD
12:28 da tarde
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