Um espelho de tudo o que me vai pela cabeça

quinta-feira, setembro 15, 2005

Anónima entre anónimos

Na rua, no Metro ou em qualquer circunstância em que me encontro rodeada de gente que não conheço, tenho a estranha mania de fantasiar sobre a sua vida para lá da aparência. Ora quando me encontro ensalsichada no Metro em hora de ponta, imaginar a vida dos que rodeiam é deveras extenuante - até porque só ando duas paragens e tenho de ser rápida.

Observo um casalito que vai aos meles. Já enquanto esperávamos pelo comboiio se estavam a comer. Ele com uma farda de café tipo Délifrance, ela com um cabelo ruivo-sou-eu-que-o-pinto-com-tinta-de-supermercado, com um ar brega de t-shirt justa e calças deslavadas. Nos segundos em que se separaram para entrar na carruagem, reparei que a miúda (!) tinha, como dizer, um princípio de calvicie. De imediato a imaginei doente (leia-se: problemas hormonais derivados de problemas emocionais, i. e, medo de rejeição, maus tratos na infância, etc.). Imaginei o rapaz a engatar miúdas de brincos de plástico colorido de tamanho XXL e aneis de ouro, no café onde trabalha. Provavelmente tem mesmo uma amiguita da queca, mas mantém esta por pena/medo do castigo divino/necessidade de ajuda para pagar contas. A esta altura sei que ele não lhe é fiel. Enquanto a beija vai galando o rabo de uma gaja à sua frente.

À minha frente está uma senhora de uns 50 e tal anos. Demasiada maquilhagem. Perfume reles. De certeza que trabalha numa repartição pública. Tem ar de ser daquelas mães que proíbe tudo, desde saídas à noite até jogos de computador. Provavelmente manda nos filhos, no marido e na família residente em Portugal Continental, nos Açores e Madeira - esta gente tem sempre familiares emigrantes: uma irmã que fugiu da ditadura imposta cá (pela família), etc. Vai sair do Metro e dirigir-se ao posto de trabalho com a destreza de um caracol em dia de Estio. Ao chegar, encaixa o rabo grande e flácido na cadeira de onde já só se levantará à hora do almoço. Está atrasada, mas não tem pressa. A todo o funcionário público é implantado um chip que previne stress de qualquer tipo. Muito menos com as horas...

Sentada numa cadeira destinada a grávidas/deficientes/idosos, vai uma miúda a ler o Zahir, o último atentado de Paulo Coelho contra a literatura. Tem um olhar infeliz que é acentuado pela falta de beleza dos seus traços. Vai concentrada a ler o livro e imagino-a com uma vida medíocre. Aquelas apagaditas que em nada se destacam, nem por serem boas, nem más, muito antes pelo contrário. Aqui no Metro seria apenas mais uma, não fosse eu e as minhas manias...

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Oh miuda, kem é k morreu e fez de ti a pessoa mais ridicula do mundo? Pensas que consegues olhar para as pessoas e conhecer tudo o que lhes rodeia ou o que pensam e sentem e vivem? Deves sofrer de alguma doença neurológica grave que faz de ti a maior cabrona ao longo do blogspot,talvez assim fosse possivel perdoar-te. Não, espera...não, não é mesmo.Tenho pena que pessoas como tu tenham acesso a internet e direito ao pensamento livre porque se fosse possível ia a lisboa destruir-te o computador à machadada e injectar-te uma droga relaxante a ver se calavas essa boca de uma vez ou que pelo menos deixasses de escrever tanta merdice. Se desaparecesses fazias um grande favor à humanidade em geral.

12:48 da tarde

 
Blogger Joana said...

Babe, toma lá a droga relaxante que me querias injectar e acalma-te. Eu não acho que eles "vivem" assim, é apenas um desporto, deveras divertido, imaginar que por detrás de caras ensonadas, como a minha, se escondem pormenores de novela. No entanto talvez tenhas razão nalguns pontos: talvez seja a pessoa mais ridicula do mundo e até a mais cabrona da blogosfera, mas Lisboa é um ovo e não tenho saído assim tanto de cá e não conheço assim "a humanidade em geral", pelo que me vou fiar na tua palavra.

1:06 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Olha ó Anonymous... Acho que se não te tivessem alfabetizado não se perdia nada. Acho também que nos andas a gastar oxigenio a todos.

8:25 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

xiiii...
este pessoal anda todo maldisposto? Fogo, q falta d tolerância...
Axo q transformaste as pessoas todas em personagens com poucas virtudes e senti q neste dia n acordaste mto optimista mas... daí a fazerem de ti uma bitch, vai lá vai!
A humanidade em geral perdia mto s desaparecesses, falo pelo meu lotezinho pelo menos!
faus

3:11 da tarde

 
Anonymous Sofes said...

Jo, eu tinha medo.... MUITO medo. Ele destroi-te o computador à machadada... uhuhhhuuu maozão e tudo!!!

Pelo texto é bear!! E a reacção é quimica! GO GO GIRL!

4:00 da tarde

 

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