No sábado queimei-me no polegar esquerdo. Pus água fria, muita água. Continuava a doer que fazia ver estrelas. Lembrei-me da minha avó uma vez me ter dito que clara de ovo era um bom remédio nestas alturas. Vai de partir o ovo e ficar uma hora (!) de polegar dentro da clara. Ao fim de uma hora (!) já tinha o dedo todo desfeito e estava para lá de atrasada para o jantar de anos onde tinha de ir. Num fósforo tomei banho e vesti-me. Depois tinha a difícil tarefa de secar o cabelo. Ora, coisa que nunca me tinha passado pela cabeça, secar o cabelo é uma tarefa assaz agressiva para os nossos polegares. Ele é as cerdas grossas da escova, as temperaturas infernais do secador, movimentos bruscos - tudo com o objectivo de deixar esta trunfa com um ar, vagamente, apresentável. Quase que chorei com dores. A sorte é que, quando cheguei ao jantar de anos, a aniversariante - alma caridosa cujos dedos também haviam sido queimados no decorrer dos preparativos para a dita festa - arranjou-me uma pomadita milagrosa (bem... duas pomaditas: 1 da farmácia e outra de vodka/laranja) e fiquei logo melhor.
Nessa noite, houve galhofa - o que me fez esquecer o mau resultado do mê sporting - e conheci a nova Super Bock Tango, a primeira cerveja (se é que se pode chamar isto...) de que gosto. Enfim, sei que quando íamos sair, no elevador, resolvo fazer a brincadeirinha de pisar um pedal que faz o elevador parar. Era suposto que, ao carregar de novo no dito pedal, a máquina voltasse a andar, o que, como é óbvio, não aconteceu. Então fiquei trancada num metro quadrado com duas meninas - uma à beira de um ataque histérico. Chorava a rir, até porque, no meio da confusão, meio mundo resolveu telefonar-me. Eu, claro, contava tudo ao pessoal do lado de lá do telefone (de uma forma atabalhoada, confesso, fruto do avançado da hora, da vodka/laranja, da Tango, do Vinho Tinto e, claro, da situação em si), que se desfazia em receitas milagrosas para desencravar o elevador.
Ao fim de 15m lá carregaram não-sei-em-que-botão-milagroso e a geringonça lá andou.
Se acharam que tinha tido uma boa dose de azares no fim-de-semana (eu, pelo menos, achei) desenganem-se. No domingo, para evitar confusões (e para descansar) andei pelos lados do meu edredon até às 19h. Até lá, nada. Mas foi só ficar mais activa (fazer o jantar) que cortei logo um dedo. O polegar esquerdo. Mesmo no sítio que tinha queimado. Sangue por toda a parte, aquela merda não estancava. Ainda para mais, estava fula porque o meu querido Pai arranjou um monte de camarões para o jantar - sabendo perfeitamente que eu sou alérgica - e ele e a minha irmã estavam a deleitar-se com aquilo enquanto eu me esvaía em sangue na cozinha.
Posto isto, acho que o passado fim-de-semana não é válido. Exijo mais dois dias de descanso.
Acabei de verificar que não sei do meu cartão multibanco. Talvez mistela de vodka/laranja, vinho e Tango tenham tido mais algumas repercussões...