Sobre o meu Mundo
É verdade que sou egocêntrica. Que tenho o meu mundo, as minhas coisas e o resto não me interessa absolutamente nada. Tudo o que esteja para lá das fronteiras da esfera da minha existência é, para mim, totalmente irrelevante. Não que não me interesse por coisas que se passam do outro lado do mundo, mas apenas como suporte para exercitar o meu raciocínio, emitir opiniões e (esta é, sem dúvida, a minha parte favorita) discutir apaixonadamente esses mesmos assuntos. Acho divertido ouvir histórias sobre outras pessoas e ir, lentamente, construindo uma opinião sobre elas. Adoro a construção de retratos psicológicos e estou-me absolutamente nas tintas se eles correspondem à realidade ou não. Sei que acerto muitas vezes, sei que consigo dizer aquilo que a maioria gosta de ouvir - a palavra amiga, a crítica construtiva, o conselho útil. Preocupo-me muito com isso? Não. É apenas mais um exercício que me diverte, que me afaga o ego, que me faz, momentaneamente, sentir melhor como pessoa - obviamente aqui melhor, não é no sentido ético, mas no sentido de farsante, tipo mais esperta que os outros. E que me rende alguns elogios - ah e tal és uma boa amiga, etc.
Ora, não se pense que isto é pêra doce. Pois há pessoas que acham que me preocupo verdadeiramente com elas. Que chegam a pensar que sou a única pessoa que se preocupa com elas. E quanto mais elas se agarram à minha pessoa, mais presa eu me sinto, menos vontade eu tenho de estar com elas, mais desprezo sinto. Mas, e porque na maioria dos casos tratam-se de pessoas com um ego abaixo da linha de água, continuo a fazer o papel da boa amiga. E se há coisa de que ninguém me pode acusar é de ser má actriz. Mas enquanto represento, vou-me sentindo sufocar, vou ficando enjoada a sua presença abusiva na minha vida. Então, ao primeiro vislumbre de distracção, desapareço.
Sei que isto não é nada simpático. Mas sou dada a estas coisas de extremos e, de facto, há alturas em que a bem da minha saúde mental, tenho de me afastar destes "sugadores" da minha personalidade. É uma questão de sobrevivência. O mal é que, ao cortar o mal pela raiz, acabo por cortar relações que gostaria de manter a um nível menos intenso - ninguém aceita muito bem uma despromoção. Tipo em vez de falar todos os dias, tomávamos café uma vez por mês. Nunca ninguém aceita isto muito bem. A princípio ainda fazem algum drama - nem oiço os argumentos, é como se só ouvisse o som de unhas num quadro de ardósia - o que normalmente exponencia a velocidade a que desapareço.
Enfim, se falo nisto hoje é porque, recentemente, celebrou-se uma data que, tivera eu outro feitiozito e tê-la-ia celebrado com alguma alegria. Mas, sendo como sou, resolvi não o fazer. Engoli a (pouca) saudade e fiquei quieta, não fosse começar tudo de novo...
2 Comments:
Texto de uma franqueza brutal! És gira, ao menos ;)
Então e o teatro, pá? Já fugiste com o rabo à seringa, não é?
beijinhos
1:11 da tarde
n fugi nada, quando é que é o teatro?
Bjks
J
2:23 da tarde
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