Um espelho de tudo o que me vai pela cabeça

segunda-feira, novembro 28, 2005

Olhos parados

Ontem às 06h30 da manhã ainda tinha os olhos abertos, qual indígena digna de figurar nos primeiros capítulos dos "Cem anos de solidão". Senti, literalmente, o último sopro de vida do Vanderlei a abandonar-me e mergulhei na loucura fronteiriça entre a realidade e os sonhos. Calculo que tenha dormido, mas quase nada. Tinha tanta coisa na cabeça, que a certa altura as coisas se anulavam entre si e os pensamentos corriam mais céleres que a luz. Tantas escolhas, tantas decisões, tantas constatações surgem assim. Naquele estádio em que o medo é o nada envolto em sono e a lógica desaparece, as coisas vão fazendo sentido. Tomei algumas das mais importantes decisões da minha vida em momentos assim. Numa dimensão que não é real nem o deixa de ser. Num estado de exaustão mental suprema, procuro apenas o facilistismo. Tudo aquilo que usualmente ignoro no meu dia-a-dia, torna-se claro como água e simples, tão simples. Quando a vontade deixa de argumentar, só a lógica silogística sobrevive, fria, matemática, objectiva. E é tudo tão mais simples assim. Preto no branco. Sem espaço para sentimentalismos, nem sonhos, porque se fosse para sonhar dormia. E o corpo dorido chama pelo descanso que não vem, que me é negado por essa força estranha que repele as minhas vontades. E afinal o que é a vontade se não aquilo que nos prende? Esta noite, sem dormir, mas longe de estar acordada, chegaram mais algumas respostas. Óbvias para todos, imagino. Mas novas e com o cheiro da novidade para mim. Instalaram-se e com o sono que sinto vão resistindo. Pergunto-me por quanto tempo. Mas não importa.

 
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