Arrisquei...
Aqui (279, 280, 333).
Um espelho de tudo o que me vai pela cabeça
Há objectos dos quais não me consigo separar. Não pelo seu valor real mas pela carga simbólica que contêm. São a prova de uma história, de um momento. São os despojos de um tempo apagado, esquecido. Em peridos cíclicos reencontro estes objectos, raramente os procuro. Remeto-os frequentemente para o fundo escuro de uma gaveta, fecho-os numa caixa. Deixo-os longe da vista.
Awake, awake, my little boy!
Construimos a nossa vida em torno de certas crenças. Agimos (ou tentamos agir) em conformidade com aquilo em que acreditamos. Acreditamos em pessoas, em valores, em pressupostos. Vivemos a vida através de umas lentes formatadas aos sabor do nosso crescimento. Eu esforço-me por acreditar no que as minhas lentes me contam. Preciso de acreditar. Ou então nada faz sentido.
Tudo muda. Mesmo quando a mudança é muda aos nossos olhos e o seu troar invisível. Súbtil. Um olhar diferente. Uma expressão que nunca ouvimos. Um geito de estar. O diagnóstico é difícil. Sabemos que os outros mudaram quando nós mudamos. E nessa altura parece que só nós mudámos de facto. O tempo é como um manto invisível que nos cega, mas que deixa marcas. Compenetramo-nos na passagem das horas, do tempo que perdemos e alheamo-nos das marcas da mudança. É como se com a ânsia de apanhar o vento, ignorássemos as dunas que se formam. Até que para lá do tempo que passa surge alguém. Uma voz. Esse timbre familiar. Igual. Mas as palavras, o gesto, são diferentes. E quando descobrimos que na diferença não há barreiras, sabemos que também mudámos.
Um dia contaram-me que os sonhos são mensagens dos anjos da guarda. Acho que o meu é um sádico esquizofrénico...
Perco sempre para gente sem sal. São sempre as apagadinhas que me passam à frente. Meio saloinhas e com ar esforçado de boas meninas. Sonsas. CSKA.
Nunca sei o que sentir quando me dizem "estás cada vez mais igual à tua Mãe".
Se para me definir em termos políticos, usasse linguagem sexual, teria de assumir que sou uma "hetero-bicha"...
Fiz este teste. Obtive este resultado...
A primeira carta que recebo, onde no destinatário ousam tratar-me por Exma Sra Dra, vem em nome de "Jona"...
Às vezes pergunto-me porquê. Gostava de dizer que seria feliz à beira mar. Gostava de dizer que a simplicidade da vida me cativa. Gostava de dizer que sou assim, simples. Gostava de saber ser assim.
Encontrar alguém que pensa como nós. Ou que pensou. Mesmo que esse alguém esteja morto há dezenas de anos. Saber que os meus sonhos estavam escritos antes de eu os sonhar. Que enchem páginas de cadernos já bafientos, que outros diários testemunharam o mesmo que o meu. Este é o sentimento que me faz sentir que pertenço a uma raça.