Um espelho de tudo o que me vai pela cabeça

quinta-feira, março 31, 2005

Quando os Outros dão o Mote

Gosto dos povos assim. Feitos de pequenas comunidades que têm Deuses feitos de pó, suor e lágrimas. Deuses que honram e se comparam à raça humana, e não Deuses que castigam a humanidade dos homens. Acho que é sobretudo isso que me fascina nas culturas sul americanas, da Índia e Extremo Oriente.

Neste nosso Mundinho sobrevaloriza-se o valor da Alma. Os sentidos são desprezados. Nessas culturas, os sentidos são os olhos da alma. Sente-se com as mãos, os olhos, a pele, a língua. A música é um veículo de libertação profana, semelhante às preces e rezas que nos ensinam na catequese. É através dos sentidos que o espírito se liberta. É pelos sentidos que nos sentimos vivos, que honramos o ar que respiramos...

Quando o Universo Comunica

"Tiptoes in your mood
A starlight in the gloom
I only dream of you
And you're never near"

Muse, Sing for absolution

Gosto quando isto acontece. Parece que o Universo está em contacto comigo. Esta noite, tive o sonho que não devia ter. Pior. Era feliz nesse sonho. Apesar de errado acordei leve, tão leve... Sorridente. O sol brilhava e respondia assim ao meu estado de espírito. No caminho para o trabalho, algum sádico da rádio resolveu pôr a tocar o Mean Sleep.

E apesar da conspiração, continuo com um sorriso de orelha a orelha e nem sei dizer porquê...

segunda-feira, março 28, 2005

"Oh now feel it comin’ back again
Like a rollin’ thunder chasing the wind
Forces pulling from the center of the Earth again
I can feel it
I can feel it"

Live

Foi há tanto tempo. Holanda. Eramos tão novos. Tanto se passou desde então. Mas às vezes é como se o Tempo voltasse atrás e nada do que eu aprendi fizesse sentido.

quinta-feira, março 24, 2005

Ontem ouvi o Nome e não tremi. Ouvi a história e não me interessei. Tive de fazer um memo para não me esquecer de escrever sobre ele. Finalmente, tudo mudou. Ou não. Será possível gostar de alguém apenas na sua versão imaginária, quando a real me é indiferente?

As Coisas Importantes Nunca Mudam...

No man is an island,
Entire of itself.
Each is a piece of the continent,
A part of the main.
If a clod be washed away by the sea,
Europe is the less.
As well as if a promontory were.
As well as if a manner of thine own
Or of thine friend's were.
Each man's death diminishes me,
For I am involved in mankind.
Therefore, send not to know
For whom the bell tolls,
It tolls for thee.

John Donne

Cheira a flores. A Primavera vai-se instalando apesar da chuva. A noite é agradável. Ao longe oiço sinos que tocam. Se fechar os olhos vou para longe. Cheiro a relva húmida, acabada de regar. Ignoro os carros, as vozes. Ignoro os sentidos que me mostram onde estou. Quero conhecer esta rua sem a ver. Quero lembrar-me de tudo, menos da tinta gasta das paredes, menos das luzes falsas das montras. Quero que exista só para mim. Quero conhecê-la assim: pelo cheiro a flores.

quarta-feira, março 23, 2005

Tocas-me de novo, espírito livre. De novo o vento te trouxe para perto. Sinto o teu cheiro, o teu riso. Troças, eu sei. Tens a côr das minhas angústias.

Lembro-me do cachimbo que sempre o acompanhava e deixava o ar perfumado à sua volta. Das mãos secas e compridas que afagavam a cabeça do fiel "Mattley". O rosto curtido pelo sol, iluminado por uns doces olhos que sorriam. Da voz profunda e baixa. De tudo isto vou lembrar-me para sempre.

Aos poucos, a Memória vai-se tornando a mais preciosa das minhas posses.

terça-feira, março 22, 2005

Gosto do sol que brilha no rio
Gosto da luz
Gosto do cheiro
Gosto de andar com vontade de rir
Gosto de acordar contente
Gosto de ouvir música e cantar (afinada) no banho
Gosto de estar cansada e ir ao Bairro Alto
Gosto que dêem as "minhas músicas" quando ando de carro

Não sei se é só da Primavera, se é da primavera da vida ("é bonita de viver, tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover", foi pirosa mas sentida).

domingo, março 20, 2005

É bom...

Quando o tempo pára e num segundo imenso inspiramos e somos felizes...

(começou a dança das hormonas ao sabor da Primavera...)

Espírito Jones

Perguntam porque me chamam "Jones". Em tempos teve que ver com um livro. Alguém trapalhão, sempre perdido, a pôr sempre o pé na poça. Era eu.
Já foi há quase 5 anos (lembras-te Inês das primeiras férias no Alentejo?). Sou e não sou a mesma. Mas continuo Jones. O significado inicial mantém-se. Mas aquilo que me estava a escapar, o verdadeiro espírito da coisa, esse é difícil de manter. Nos últimos 5 anos foram muitas as vezes em que quase o perdi. É alegria, é optimismo. É uma fé imensa. É saber que tudo vai acabar bem.

Bem vinda, Jones.

Career Opportunities

They offered me the office, offered me the shop
They said I'd better take anything they'd got
Do you wanna make tea at the BBC?
Do you wanna be, do you really wanna be a cop?

Career opportunities are the ones that never knock
Every job they offer you is to keep you out the dock
Career opportunity, the ones that never knock

I hate the army an' I hate the R.A.F.
I don't wanna go fighting in the tropical heat
I hate the civil service rules
And I won't open letter bombs for you

Bus driver....ambulance man....ticket inspector
They're gonna have to introduce conscription
They're gonna have to take away my prescription
If they wanna get me making toys
If they wanna get me, well, I got no choice

Careers
Careers
Careers

Ain't never gonna knock

The Clash

quarta-feira, março 16, 2005

Às vezes só queria que para não existir só tivesse de fechar os olhos.

sábado, março 12, 2005

Dedicaram-me outra vez...

Who's gonna ride your wild horses

You're dangerous 'cause you're honest
You're dangerous, you don't know what you want
Well you left my heart empty as a vacant lot
For any spirit to haunt
Hey hey sha la la
Hey hey

You're an accident waiting to happen
You're a piece of glass left in a beach
Well you tell me things
I know you're not supposed to
Then you leave me just out of reach
Hey hey sha la la
Hey hey sha la la
Who's gonna ride your wild horses
Who's gonna drown in your blue sea
Who's gonna ride your wild horses
Who's gonna fall at the foot of thee
Well you stole it 'cause I needed the cash
And you killed it 'cause I wanted revenge
Well you lied to me 'cause I asked you to
Baby, can we still be friends

Hey hey sha la la
Hey hey sha la la
Who's gonna ride your wild horses
Who's gonna drown in your blue sea
Who's gonna ride your wild horses
Who's gonna fall at the foot of thee
Oh, the deeper I spin
Oh, the hunter will sin for your ivory skin
Took a drive in the dirty rain
To a place where the wind calls your name
Under the trees the river laughing at you and me
Hallelujah, heavens white rose
The doors you open I just can't close
Don't turn around, don't turn around again
Don't turn around, your gypsy heart
Don't turn around, don't turn around again
Don't turn around, and don't look back
Come on now love, don't you look back
Who's gonna ride your wild horses
Who's gonna drown in your blue sea
Who's gonna taste your salt water kisses
Who's gonna take the place of me

Who's gonna ride your wild horses
Who's gonna tame the heart of thee

U2

segunda-feira, março 07, 2005

O meu estado abençoado pós visionamento do Casablanca, eclipsou-se quando, esta manhã fui forçada a acordar para a realidade. Porque é que na vida a sério não há homens como o Rick, como o Laszlo ou até com a voz do Sam? Com aqueles fatos de corte irrepreensível, o sobrolho carregado, a voz profunda, os ideais e a coragem...

Hoje, tive pena que o mundo fosse a cores. Tive pena de ter de ouvir a rádio ou ver televisão. Só me apetecia pedir play it again, Sam.

domingo, março 06, 2005

A cabeça é um amontoado de pensamentos difusos. Imagens de ontem com imagens que talvez nunca tenham existido. Lembro-me mal das caras e das palavras. A pele está seca, porque o organismo necessita de cada molécula de água que consiga encontrar. A boca, seca, está entaramelada.

Depois de ver, na cama, o Eixo do Mal, que ontem deixei a gravar, resolvi combater a ressaca. Um duche de água quase fria acorda-me todos os sentidos. Ao sair da banheira já me reconheço no espelho. Depois inundo-me de óleo para bebé, como que a pedir desculpa à minha epiderme. Lavo três vezes os dentes e espalho pela cara o conteúdo de todos os frascos com um C (Clinique), a que consigo deitar a mão. Todo o processo é acompanhado por sofregos goles de água gelada, que sinto correr livremente pelos tubos digestivos.

Depois sou outra. Sou eu outra vez. E ninguém diria que bebi sequer ontem à noite. E resolvo enfrentar o sol.

sábado, março 05, 2005

Confesso que há parte de mim que gosta. Do pensamento enevoado, do calor excessivo que o corpo liberta. De me fazerem mimos como levarem-me o jantar à cama e prepararem-me os DVD's que quero ver. Também já estou habituada. Costumo ficar doente com alguma frequência. O meu organismo parece ter um demasiado "welcoming commitee" (n sei se se escreve assim... mas n interessas...) para tudo quanto é virus e bactérias. Aliás, na mesma proporção em que não reage quando deve, o meu sistema imunológico reage em excesso quando não deve. Logo, quando não estou doente, estou com uma qualquer alergia. Resumindo, aos poucos estou-me a tornar uma figura demasiado ranhosa.

Desta vez a febre passou depressa. Só ontem me atacou. Hoje ainda não estou óptima, mas estou boa.

quinta-feira, março 03, 2005

Estar fanhosa tem destas coisas...

Hoje a lavar os dentes, não conseguia respirar. No desespero fiz não sei o quê e entrou-me dentífrico para as fossas nasais, não para o nariz. Mas para aquela área estranha ao fundo da boca, que liga ao nariz. A imagem é feia, mas a sensação é horrível... E já lá vão umas 7 horas....

Doi-me o corpo e um bocadinho da alma. Estou fanhosa mas já devia estar habituada. Estou com uma leve alergia ao Tempo...ou ao relógio. Tudo tão comum, tudo tão banal, tudo tão cinzento...

Isto sou eu sem tirar nem pôr...

"As pessoas crescidas têm a mania de querer explicar o inexplicável.

Tudo o que as surpreende as irrita e logo que se produz algo de novo no mundo, obstinam-se em querer demonstrar que essa coisa nova se parece com outra que já conheciam"

Maurice Druon, O Menino do Polegar Verde

quarta-feira, março 02, 2005

Tinha uns olhos puros. Como todos já tivemos um dia. Mas tinha também um "polegar verde" que lhe permitia mudar o Mundo. Tistu era só um menino. Tistu lembra-me sempre do que é ser criança. "Não admite que as pessoas crescidas lhe expliquem o mundo por meio de ideias já feitas", disse o seu "pai", Maurice Druon.

Cresci com este livro. De vez em quando lia-o de novo e pedia sempre para não ficar com "o juízo falseado pelas lunetas do hábito". Depois cresci. E durante anos esqueci-me do que quis um dia e que era afinal tão simples.

Agora, li tudo outra vez. E vi o quão longe estava do que um dia quis ser... E quis ver o Mundo de novo. Sem preconceitos, sem ideias feitas. Pela primeira vez.

O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo

... e quando abri o livro li o que Ele escreveu para Ela:

" Este livro foi-te dado, para que, nos momentos de depressão o leias, e te faça lembrar que há sempre uma pessoa que pensa em ti, e que nunca te abandonará!

Zé 11/10/77"

terça-feira, março 01, 2005

Uma casa que ficou diferente. Mas não é diferente. Conserva dentro das suas paredes os risos, as palavras de outros tempos. Carrega o cheiro de uma época que já não volta. Os móveis agora são outros. Diferentes. O significado esse é o mesmo. Sente-se o Mar tão perto. Ouvem-se as ondas revoltas ao longe. Vê-se, tão nítida, a linha do horizonte. Para lá dela, o infinito.

Atrás da porta as marcas. Mostram-me que cresci, como e quando. Cada etapa tem uma história. Cada Verão um sabor. Tem luz esta casa. Tem paredes de vozes silenciadas e um tecto de gente que se ama. É o rosto imberbe de uma família. Um silêncio feito de estórias contadas...

Sonho de Uma Noite de Verão

Titânia

I pray thee, gentle mortal, sing again:
Mine ear is much enamour'd of thy note;
So is mine eye enthralled to thy shape;
And thy fair virtue's force,perforce,doth move me,
On the first view, to say, to swear, I love thee.

Reconheci de imediato a fala. Ou não fosse este livro uma das minhas leituras preferidas daqueles Verões... As páginas já cremes e com aquele cheiro a livro antigo, eram o fundo ideal para este inglês arcaico de sonhos. A história leve, cómica e cheia de verdades. E as tardes imensas de calor onde lia e sonhava...

 
FREE hit counter and Internet traffic statistics from freestats.com