Um espelho de tudo o que me vai pela cabeça
... de repente apenas deixasse de existir. Não digo morrer que é demasiado dramático, cheio de consequências e efeitos indesejáveis. Se a minha existência apenas cessasse. Se todos me esquecessem, se todos os meus vestígios fossem apagados, removidos, reduzidos a nada. Se nada, excepto a minha consciência, perdurasse. E a mim, me fosse dado o privilégio tortuoso, de ver a forma perfeita da vida que, simplesmente, continua.
Enquanto meio mundo anda feliz da vida porque viu neve ("bubbles!! bubbles!") eu guardo religiosamente a imagem de neve na minha rua.
Em 98 fiz uma viagem com o meu Liceu à Sicília. Era costume fazermos uma viagem todos os anos. Nesse ano, decidimos que queriamos praia. O senhor da agência disse que as praias da Sicília eram óptimas em Abril. Sempre fui péssima a fazer malas. Acho sempre que vou precisar de 10 tops encarnados e 7 calças de ganga. Mas, azar dos Távoras, dessa vez (também foi a última) resolvi ser organizada. Roupa de praia, chinelos, roupa leve e pouco mais. Levei duas camisolas relativamente quentes para uma semana inteira. E à laia de "mais vale prevenir que remediar", levei dois pares de meias.
Se é verdade que para virús e bactérias eu sou um ídolo então, este fim-de-semana, vivemos o Woodstock 2006.
A cada post que leio sobre "a neve", só me lembro daquele peixe de aquário do Nemo que, sempre que os mecanismos de circulação de água davam sinais de vida, gritava "bubbles, bubbles!".
(...) "portanto basicamente o teu gânglio, q deve ser alta bichona, diga-se de passagem :P, viu uma bacteriazita do tamanho de uma formiga e desata aos berros, pula p cima de uma cadeira e vai de inchar como se n houvesse amanhã!"
Dizem que as dificuldades nos tornam melhores. Para mim, o desafio consiste em continuarmos bons apesar das dificuldades.
Já eu, pelo meu lado, é como se estivesse sempre em casa. É o que dá ter uma misturada genética. Só em Marrocos e na Tunísia me olhavam como estrangeira. Mas isso é porque sou quase transparente e não tolero bem o sol.
... cabe um mundo de sentimentos. Cabe um número infinito de palavras que se prendem na garganta em nós de angústia. Cabe a dor imensa, que não tem côr nem forma, mas que nos enche e esvazia de tudo o resto. Num instante, naquela partícula ínfima de Tempo. Vi-te e vi-me. E sei que sabes que eu sei. Só te posso dizer que não tenho resposta. Só queria poder dar-te a resposta. Só sei que não esqueces.
Ser desinteressante é um crime. Ou pelo menos eu assim o apregoo. No entanto, honestamente, estou farta de gente demasiado interessante.
Gostava que me oferecessem malmequeres. Não um ramo, bouquet, com um laço idiota, mas um vaso de barro vermelho, cheio de malmequeres.I was happy in the haze of a drunken hour
O trabalho foi estafante, estúpido e idiota.
Tudo alerta na sexta-feira 13. Foi um dia assaz agradável.
“Reason and justice tell me there's more love for humanity in electricity and steam than in chastity and vegetarianism.”
"Vanity and pride are different things, though the words are often used synonymously. A person may be proud without being vain. Pride relates more to our opinion of ourselves, vanity to what we would have others think of us."
Confiar em alguém que me define como bem-disposta é equivalente a confiar em alguém que se diz apaixonado pelo meu nariz.
Irrita-me quando sou óbvia e não me entendem. E irrita-me ainda mais quando me calo e entendem logo a razão do meu silêncio.
Hope in reality is the worst of all evils because it prolongs the torments of man.
Só agora, quase 13 horas volvidas (e das quais só 5 passei a dormir), é que me apercebi que hoje é sexta-feira 13.
Às vezes vejo pessoas iguais ao que fui. E fico feliz por elas existirem. E ainda mais por eu ter mudado.
Ok, há pouco espaço no Metro. Ok, eu tinha prometido não dizer mal dos meus companheiros de Metro. Mas hoje vinha eu alegre e saltitona para o meu trabalho, quando na estação do Marquês de Pombal entra um senhor que (juro!) podia estar grávido de quintuplos. Ora, com a sorte com que sou bafejada desde o dia em que nasci, o dito senhor ( a quem, carinhosamente, apelidarei de "O Grávido"), ficou a modos que ensalsichado entre uma típica funcionária pública (cabelo laranja, maquilhagem a mais e rabo moldado por cadeiras com design à anos 60, a quem, carinhosamente, chamei de Odete) e a minha pessoa. Pior. O Grávido passou os 40 segundos que dura o percurso entre o Marquês de Pombal e as Picoas, a olhar, como dizer, tipo esgaseado para a minha pessoa. Eu, literalmente, sentia-lhe e, valha-me Nossa Senhora dos Aleijadinhos, cheirava a pavorosa respiração - a avaliar pelo odor, pelo menos 3 dos 5 rebentos estavam mortos há meses. A cada agitação da carruagem O Grávido chegava-se mais a mim - para gáudio da Odete.
Mentir é a solução para todos os que são demasiado estúpidos para interpretar convenientemente a verdade.
Certas pessoas são demasiado estúpidas para que possa gostar delas mas não tão estúpidas que tenha pena delas - portanto estão tão para lá como para cá do meu interesse...
São uma espécie que me persegue. Talvez a culpa até seja minha. Sempre muito querida, muito simpática (embora quem me conheça bem saiba que a maior parte das vezes por dentro estou a ser má e crítica ao limite...). Tenho esta mania absurda de querer que todos gostem de mim. Indiscriminadamente. E claro, juntamente com toda a boa gente que conheço, vem gente que não interessa nem ao menino Jesus (diz que ele se interessa por tudo e todos...).
Happy Mondays foram um fiasco. "Happy Mondays" era um gajo dos Happy Mondays a pôr música. Quando lá cheguei aquilo estava giro - rock na mesma onda do que estávamos a ouvir em casa: Bloc Party, Franz Ferdinand, essa onda. Depois virou martelada, mas já não me lembro muito bem - lembro-me que se aguentava - mas naquela altura aguentávamos tudo...
A minha passagem de ano está manchada. Marcada. A música que vai ficar na história como a música com que entrei em 2006 é de Shirley Bassey...
Gozar a passagem de ano como se não houvesse próximo ano tem destas coisas. Domingo, para além de uma indisposiçãozita (as passas nunca me fazem muito bom...), os pontos altos do dia foram o visionamento do "Love Story" - nada como um bom dramahão para começar o ano bem disposta e choramingas - e o visionamento das fotos e filmes da véspera (MEDO: nós falamos aos gritos...).
Só vou dizer que foi a melhor. Por tudo. Pelas horas infindáveis a esticar cabelo a quem o tem encaracolado ou a encaracolar a quem o tem esticado - e que graças à humidade voltaram rapidamente ao estado natural... Pela sessão de maquilhagem em que partilhámos um espelho, "cuidado que agora estou a pôr o eyeliner", "tenho um blush que faz maravilhas", "ah, quero que me pintes os olhos também". Pela sangria que de tão adulterada nem deixava nódoa (graças a Deus!). Pelos milhares de fotos de gajas - "agora sérias", "agora sexys", "agora os sapatos", "agora quem tem lantejolas"... Pelo apalpão num rabo errado e os apalpões que se seguiram. Pela música que cantámos alto e desafinadas (e um criminoso qualquer filmou...), pela meia-noite com fogo de artifício a três numa varanda (com algumas lágrimas...), pela caminhada debaixo de chuva torrencial. Pelo knock-out amnésico no Teatro Sá da Bandeira. Pela ceia tarde e a más horas em que ainda ouvimos uma rebocada porque eu me ria que nem uma louca.
