Um espelho de tudo o que me vai pela cabeça

quarta-feira, agosto 31, 2005

Ending Summer

Este tempo com menos sol, menos calor. Setembro ao virar da página do calendário. É o fim do Verão. Da época. Enquanto trabalho oiço baixinho Elliot Smith e Led Zeppelin. Deixo a música ecoar pela minha cabeça com a indolência dos últimos dias das férias que não tive. Mas no cansaço e dormência que me envolvem oiço, como alguém lhe chamou, a nota. Aquele som que vale tudo. Que me faz feliz.

terça-feira, agosto 30, 2005

La vie en vert

Tenho uns óculos de sol novos. Bem, novos não é propriamente verdade. Eram da minha Avó. São gigantes redondos, feitos de massa, assim à 60's. E têm umas lentes verde claro. Desde que os descobri, neste dia, que tenho andado com eles, saltitante, por Lisboa.

A maior parte do pessoal fica a olhar, olhares do tipo de-onde-é-que-saiu-este-ET. Mas o que eu gosto mesmo é de ver o Mundo naquele tom de verde. É um verde desmaiado. Faz lembrar as cores das fotos dos 60's e 70's. É como se vivesse num filme que eu própria realizo: escolho o caminho que prefiro fazer, oriento a banda sonora e faço um casting dos personagens com o pessoal do Metro. Hoje aliás, nem tirei os óculos quando entrei para esse mundo, literalmente, underground.

E, de repente, eu não era eu, mas uma Grace Kelly morena (e, como diria a Jones, ligeiramente menos composta, depois da corrida habitual para compensar atraso de "é só mais 5m" para acordar, que levou a minha irmã a um ataque histérico que me fez saltar da cama em 2 segundos e me fez entrar na banheira de trombas e teria tido um dia do pior, não fosse o rádio estar a dar o "stand by me" que cantei aos berros numa de vingança doentia, para ver se acordava de vez o estupor que nasceu do mesmo ventre que eu e que está de férias e que pode dormir até à uma da tarde) que estava a ser espiada pelo senhor de calças beiges e olhos verdes (hanka hanka) que fingia ler o Metro...

Slime

Não tenho saudades das aulas, do bar, das salas ranhosas, do stress, dos colegas (os que eram amigos continuo a ver...), das noitadas no open space, das filas para entrar no parque, da idiotice dos professores que se achavam os maiores.

Mas tenho saudades dos cadernos e livros novinhos em folha. E das canetas, lapiseiras e marcadores.

E ao fim de quase 6 meses de trabalho, aquilo de que tenho mesmo saudades é das tardes passadas com estes senhores a jogar isto...

Workin' Music

Quando se trabalha numa agência de comunicação, não deixa de ser irónico ouvir isto com phones. Apetecia-me cantar aos berros:

Communication Breakdown, It's always the same,
I'm having a nervous breakdown, Drive me insane!

Led Zeppelin, Communication Breakdown

Eu e Bossa Nova

Não adoro. Mas de certa forma está-me entranhada na pele. Aquele choro baixinho com sabor de chuva miudinha que traz o cheiro do fim do Verão. E a minha Mãe adorava. Cresci também com Vinicius. Esta música vive mais que qualquer um deles, para lá da morte. Ficou retida no toque de paredes frias que não me canso de tocar.

A minha Mãe gostava. E naquela voz, mais sussurrada que cantada está um pouco dela. É uma música morna que aquece um dia frio que lá fora está quente. Que cala a chuva que não cai lá fora mas juro ouvir. Tem a calidez familiar de um gesto que afasta o cabelo da testa num toque feito de uma ternura imensa. Oiço uma e outra vez o mesmo CD enquanto leio o meu livro. E de repente as palavras que me cantam são mais visíveis do que as que leio. São palavras dela. São minhas, para mim. São nossas.

"E que ter medo de amar não faz
ninguém feliz"

Vinícius de Morais

segunda-feira, agosto 29, 2005

Ah, pois é...

Esta coisa de se comentar um post em directo no messenger, faz com que depois as conversas se repitam. Em resposta a este post só tenho a dizer que é verdade. Até porque sempre achei que tinha uma cabeça de homem num corpo de mulher.

Eu até aceito que haja mais inteligência prática do lado dos homens. Mas que o quoeficiente emocional é mais baixo nos homens que nas mulheres, isso ninguém diz...

Por outro lado, a ser verdade aquilo que dizem, ando, como dizer com algum azar. É que além de conhecer muitas raparigas, de facto, muito inteligentes (mais do que eu!!!), não conheço muitos rapazes que me ultrapassem em inteligência - o que até é um problema - não seria um problema, se o homem dentro de mim fosse um macho à séria que gostasse de gajas...

Enfim, para encerrar o assunto, fiz uma vez um teste de QI com uma (na altura) estudante de psicologia, que dizia que eu era quase génia. Mas aquilo que me chocou mesmo foi quando mudei de curso e os meus pais me obrigaram a fazer testes psicotécnicos à séria. É que nesses testes me davam um grau de inteligência lógico-matemática máxima. O que significa que apenas 5% da população é, pelo menos, tão inteligente como eu (repito, ao nível do QI, o meu QE é mínimo...), o que só prova, de facto, que este é o verdadeiro planeta dos macacos...

Concluindo, se para os homens é uma benesse serem inteligentes pois facilita-lhes a tarefa de encontrarem alguém mais burro e por consequência obediente, já para uma gaja, que precisa de alguém a quem admirar - a quem obedecer, segundo os cânones mais fascistas em vigor - ser-se inteligente é o caminho mais rápido para a solidão.

Encontro de Fé

Quando fico meia adoentada (que é como quem diz com sintomas de doença, sem ter propriamente febre e essas coisas que provam que estamos doentes), fico sempre com a neura. Ontem estava meia engripada - ranho, dores por todo o lado, sobretudo na garganta, mas nada de febre. Neste estádio fico bastante implicante e nada dada a mimos, pelo que às 17h já não podia ver o meu Pai a fazer-me festas na testa (lá está, a ver se tinha febre) e a oferecer-me chá (para ele o chá é cura para todos os males). Resolvi dar um giro, quanto mais não fosse para espalhar o virús pela população de Campo de Ourique - também, como são todos velhos devem estar vacinados...

Enfim, andava eu deambulante, sem destino por essas ruas que conheço de cor quando resolvi entrar na Igreja de Santo Condestável. Normalmente só frequento igrejas quando forçada a isso (casamentos, baptizados, velórios e afins). Desta vez entrei só porque sim (bem... também porque me apetecia sentar um pouco e os bancos no exterior da Igreja estavam cheios daquela fauna do fato de treino que faz gzut gzut quando andam). Enfim, o certo é que entrei.

Estavamos naquele interregno entre missas. Tirando algumas velhas - que vivem lá, acho que são pagas até para comporem a Igreja nas horas vagas... - a igreja estava vazia. Sentei-me e pus-me a olhar qual turista. Nunca tinha entrado naquela igreja. Também não andava a perder nada, diga-se. Depois fiquei ali parada, a olhar para os atacadores dos ténis, que para não variar estavam desapertados e a pensar se me devia pôr ali de rabo para o ar a apertá-los ou se esperava sair, ou até se cagava no assunto e saia dali para casa e quando lá chegasse descalçava-me.

O certo é que devia estar com ar de profunda meditação teológica, porque houve uma velha que se veio sentar ao meu lado - repito, a igreja estava vazia. "A menina tem muita fé, não tem?". Até achei que estava a gozar. Ri-me e não disse nada. "Gosto de ver jovens assim. Como aqueles que foram ver o Santo Padre na Alemanha". Voltei-me a rir, nervosamente. "Bem, vou deixá-la" e com um sorriso beatífico, lá se juntou às restantes nas filas da frente.

Fiquei com cara de cágado. Se saísse, a velha ainda pensava que era por causa dela (e era!) e ficava com peso na consciência. Resolvi ficar. Toda a minha vida lutaram pela minha fé. Quiseram que acreditasse. Em quê, continuo sem perceber. Fiquei ali a olhar para aquela imagem tétrica que supostamente purifica, de um Jesús crucificado. Uma vez revoltei-me, chorei e gritei porque me disseram que Deus nos ama como um Pai ama os seus filhos. Foi para mim uma afronta sugerirem que havia um amor mais forte que o dos meus pais por mim. Foi uma ideia inconcebível. Continua a ser.

Acho que é por isso que a Fé é um sentimento. Como o amor. Não interessa que nos digam "gosto de ti" se nós não o sentimos, se não acreditamos. Não é amor se não o mostramos, se é só nosso, se morre cá dentro. Deixei-me ficar ali até começarem a chegar as pessoas para a próxima missa. Não rezei, mas pensei muito.

No caminho de volta, apercebi-me de que as igrejas são um bom sítio para pôr a cabeça em dia. Quando cheguei a casa, o meu Pai perguntou logo "então, como é que estás" enquanto me dava um beijo na testa. Ao contrário das outras vezes (em que entre outras coisas disse "deixa lá de ser histérico que eu estou bem"...), ri-me e dei-lhe um beijinho no nariz como fazia quando era miúda. Foi a minha maneira de dizer: "também gosto muito de ti, pai".

Actualizações

Qual preparação para a rentré, resolvi actualizar (mais uma vez...) a lista de links.

Há muito que sigo os devaneios músicais destes senhores e foi com pena que tive de me baldar à festa que organizaram no D&D. Gosto de ler o que estes senhores têm a dizer e gostei de saber que também são fãs de Catã (o único jogo que nunca ganhei mas continuo a jogar...). Este predador é um dos comentadores mais assíduos deste humilde blog e deixo aqui o link para os menos impressionáveis. Comecei a ler este blog devido ao link da Sara. Gosto. Muito. Até porque fala de coisas que já todos sentimos (ok, eu pelo menos já senti), de uma forma que me toca especialmente (poucos blogs me puseram tão perto do choro como este).

Os próximos blogs são de pessoas de quem, nos últimos tempos, tenho vindo a gostar cada vez mais. O primeiro tem textos que gosto bastante de ler e o segundo fotos que acho que ainda vou ver expostas no CCB. Os sussurros são de uma babe que invariavelmente encontro na noite. Uma babe com quem gosto de falar quando (raramente, claro...) bebo uns copitos e que adoro ler quando estou sóbria - ainda hei-de tentar o contrário, prometo...

Em relação aos dois últimos links tenho, antes de mais, de me desculpar por não os ter "linkado" mais cedo. Os leões são dos mais lidos (e mais comentados!!). No princípio estávamos sempre de acordo, mas de há uns tempos para cá, andamos mais às turras que aos abraços. Mas permitem-me exercitar a minha veia sofista de estar sempre do contra - e 90% das vezes permitem que a discussão, ainda que sobre coisas estúpidas, seja inteligente... Por fim, a minha última descoberta blogosférica: o blog dos estagiários. Gente do Norte, já se sabe, é gente boa. São os meus companheiros de almoço e volta meia a discussão do almoço aparece no blog. O Hugo pensa muito como eu (prova da sua vastíssima inteligência), o Costinha tem uma veia humorística do melhor e o Filipe é dos poucos direitistas com que se consegue discutir...

E pronto, por agora é tudo...

quarta-feira, agosto 24, 2005

Répi Bartedai

Ontem fez anos a minha Prima. Ontem tinha uma dor de cabeça gigante. Ontem percebi que não sou a única freak da família. Como estava super cansada (esta semana não tem sido fácil), fiz um petit cocktail caseiro de Ben-u-ron, Brufen e Caipirosca (pouca, que as memórias de sexta-feira ainda estão frescas... Aliás, nem toquei em vinho, muito menos sangria - ah, e havia sangria de champagne e morangos...). A partir daí a festa desenrolou-se como um filme do qual eu era apenas espectadora.

As amigas da minha Tia, pertencem àquele clube galináceo das vozes demasiado estridentes-mas-sempre-usadas-em-volume-máximo. Os "tios" não largaram a televisão enquanto o Ricardo não desistiu de fazer frangos (porquê, meu Deus, porque não matais de forma cruel e sanguinária a dupla Ricardo/Peseiro????). A sorte é que os meninos presentes eram todos do Belenenses, pelo que ao primeiro relincho que indicava que iam achincalhar levaram logo com um resumo alargado do jogo de sexta-feira (que, por razões de força maior, já aqui esclarecidas no blog, não pude visualisar em directo).

Ora, por causa dos devaneios futebolísticos da plateia, o jantar foi servido às 22h - já eu estava meia estrábica de fome, com o a tripla brúfen+2 ben-u-ron's a divertirem-se alegremente numa de natação sincronizada no meu estomago regado de caipirosca.

A certa altura, o panorama era este: no terraço os galináceos discutiam as últimas do social; as teenagers (galinhas júniores) debatiam afincadamente as novas colecções da Berska, Mango, H&M e afins; os putos mandavam bitaites sobre qualquer gaja que aparecesse na TV e os homens discutiam a actual situação da banca (influência da subida do Euro na bolsa de Lisboa, porque o preço do petróleo não para de subir...).

A certa altura, a empregada da minha Avó teve um fanico. Quando ia ver da senhora, ao aproximar-me da cozinha, ouvi apenas uma voz máscula (do único médico presente) que dizia "chupe, chupe, que depois fica melhor". Dei meia volta e voltei para a sala. Achei que a velhota merecia aqueles momentos a sós com um homem que, para todos os efeitos, tinha idade para ser seu filho.

Depois disto já só conseguia pensar nas horas que faltavam para acordar e comecei a chatear o meu pai para voltarmos para casa. Ainda esperei 1h30 (!!!) que o meu pai acabasse de contar uma qualquer história que estava a pôr o galinheiro à beira da histeria, para nos irmos embora. Vim de trombas o caminho todo e hoje estou com um certo mau estar psiquico e físico (a caipirosca era pouca mas fez mossa) e tenho taaaantoooo que trabalhar...

Lembram-se??

Restaurador Olex...

segunda-feira, agosto 22, 2005

Raiva

... às vezes nada faz sentido neste Mundo idiota comandado por outras forças que não a vontade. Em instantes tudo se cria, tudo se transforma, muito se perde. Num momento sentimos a felicidade ao alcance da mão, para no segundo seguinte tudo ruir. Não me sei adaptar a este mundo onde nada é eterno, onde estou entregue às forças de Deus ou do acaso. Sinto a raiva a queimar-me as veias, o corpo, num pulsar ateu que não permite resignação. Queria ajudar, curar, lavar as lágrimas que não são minhas, mas que me doem, me torturam e que não sei como conter. Pedem-nos tempo, numa expressão que sublinha a inutilidade de qualquer um dos gestos ao meu alcance. Se acreditasse, se soubesse rezar, teria, pelo menos, alguma coisa para fazer. Resta-me esperar.

Razões pelas quais não volto a beber em jejum

Porque sexta feira tive um black out, que no Sábado já diziam ter sido de uma hora, em que estive perdida, e em que ninguém - inclusivé eu - sabe o que é que aconteceu...

Mais tarde vim a saber que só estive mesmo perdida só 15m. Mesmo assim...

sexta-feira, agosto 19, 2005

Doentinha...

Doi-me o corpo. Arde-me a garganta. Já toda a gente do meu escritório esteve doente. Achei que era a maior. Mas não. Sou igual aos outros. Ou pior: fui a única a ficar doente no fim de semana...

Fotos

O pretexto era ver as fotos e o video. Mas só queria estar de novo com eles. Sentir que, apesar de estar tudo diferente, nada tinha mudado. É uma sensação estranha. É como se observasse uma revolução que nada tivesse a ver comigo. E não tem de facto. Mas num instante a que estive alheia o meu pequeno mundo mudou. E, embora tenha custado (já qui disse que não me dou bem com mudanças), já me ajustei a esta nova realidade.

Pre Ocupação

Quando o inimigo é simpátco sei imediatamente que fui derrotada nalguma frente.

terça-feira, agosto 16, 2005

Dear Diary

Há muitos anos que tenho o hábito de manter diários. Começou quase quando aprendi a escrever. Os primeiros tinham mesmo aquele formato para lá de piroso do "querido diário" e lá desabafava uma torrente de inutilidades que na altura eram muito importantes e que agora não lembraria não fosse terem ficado registadas.

Gosto, de vez em quando, de folhear esses escritos antigos. Este fim de semana, revi alguns deles. É engraçado. Amigos que julgavamos que iam durar para sempre e que ficaram pelo caminho. Pessoas que nunca seriam nossas amigas e hoje são essenciais. Tantas vezes jurei morrer de amor para no dia seguinte ressuscitar. Tantas promessas e juras que ficaram por cumprir.

Enquanto revivo acontecimentos há tanto silenciados, aprendo que o tempo é relativo e efémero. Que o que me torna triste hoje, amanhã será esquecido. Que o que é não será mais. E ao mesmo tempo aprendo a apreciar o que se mantém imutável, eterno, para lá do tempo.

Então, volto a mim, volto a ser eu.

Speed Dating

É uma nova moda. Baseia-se na convicção de que os primeiros minutos são essenciais quando nos apaixonamos. Além de ainda não ter idade para participar nestas "festas", as poucas vezes em que me apaixonei a sério, foi por pessoas que, no principio, me eram absolutamente indiferentes - inclusivé fiz caldinho para outras pessoas. Pelo que, parece-me, esta é uma moda a que não vou aderir.

Joana, o banquete

Acho que até devo estar com anemia. Tudo quanto foi mosquito, melga e afim, da região de Lisboa e arredores, deliciou-se à grande com o meu sangue. Fui um banquete, um verdadeiro festim! Estou uma baba gigante. O mais frustrante: o meu pai, com quem alegremente divido o lar, nem deu pela existência dos seres....

Regresso ao Passado

As ruas eram as mesmas, o caminho era o mesmo. Só que agora era noite. Fiz o percurso com a mesma certeza de um autómato. Durante anos aquelas ruas foram o cenário da minha vida. Naquelas paredes escrevia a giz as letras dos Oasis, no caminho de casa. Procurei em vão vestígios da minha passagem. Nada. A vida continua ali da mesma forma, com os mesmos ritmos. Há sete anos, percorri um dia aquele caminho com a certeza de que era a útima vez. Acho que na altura nunca pensei que fosse ter saudades. A vida era uma estrada enorme que se abria à minha frente. Tinha tantos sonhos, tantas certezas. Parecia tudo tão simples e tão lógico.

Era noite e por isso não custou tanto. Porque era noite, os portões estavam fechados para todos e não apenas para mim. Porque era noite, estava sózinha e aquela rua era só minha. Só eu, o eco dos meus passos e a música, baixinho, nos headfones. Ia ter com os mesmos rostos de então. Aqueles que só de olhar me sinto como em casa. O caminho era o mesmo (não igual, mas semelhante), o correr da conversa foi o de sempre, familiar, a casa era nova.

Já passaram mais de dez anos desde que nos conhecemos. Desde que aquelas caras passaram de estranhas a familiares, de indiferentes a importantes. Hoje, depois de muitas voltas, de muitas aventuras, de tanta coisa, vejo que alguns dos sonhos se vão tornando reais... E naquelas paredes acabadas de pintar, senti-me, de novo, em casa.

sexta-feira, agosto 12, 2005

"I wish to live deliberately, to front only the essential facts of life. I wish to learn what life has to teach, and not, when I come to die, discover that I have not lived." Thoreau

Como a quase todos os que viram "O Clube dos Poetas Mortos" no estádio embrionário da adolescência, esta frase marcou-me. Vivi tudo na ânsia de não deixar nada escapar. Queria absorver a vida por todos os sentidos. Revoltava-me com o todo o tipo de proteccionismo, queria sair da redoma em que me haviam criado.

Dez anos volvidos desse meu despoletar violento para o mundo adolescente - podem não acreditar, mas até aos 15 anos era super tímida, caladinha e calma... - dou por mim completamente descarrilada. Sair da redoma, sentir o Mundo em todo o seu esplendor, cores e aromas, traz consigo a capacidade de nos magoarmos e ferirmos, muito mais do que alguma vez supus.

Hoje, vivo num estádio intermédio que rasa a insanidade. Por um lado continuo deslumbrada com tudo o que me rodeia e não quero perder um segundo - sei que a qualquer momento tudo pode acabar. Mas por outro lado vivo num pavor permanente de me magoar.

O expoente máximo deste modus vivendi é a relação com as pessoas que, mais cedo ou mais tarde, sei, me vão deixar. Pura e simplesmente desligo antes que tal aconteça. Fico como que vazia cada vez que estou na sua companhia. É um instinto que em vão tento contrariar. É que, como calculam, na era da globalização, em que todos querem trabalhar no estrangeiro, a sensação é um pouco angustiante....

Egocêntrica

Nos últimos tempos tenho sido chamada, várias vezes, de egocêntrica. Às vezes tenho a sensação que me tornei a pior versão de mim mesma...

Ó Tempo volta para trás...

Hoje no Metro encontrei o queridinho dos CD's. Era amigo do irmão de uma amiga, andava no meu Liceu e vivia em Campo de Ourique. Nem giro nem feio, gozava de alguma admiração nossa por pertencer à classe dos mais velhos. Mais: ouvia música de cujos autores nunca tínhamos ouvido falar (bem... a Sara, claro, tinha...) e trocava CD's com a Sara e o irmão - daí a alcunha, que eu sempre fui muito dada a dar alcunhas às pessoas, diga-se até, que não faço a mais pequena ideia de qual o nome do rapaz em questão...

Hoje no Metro encontrei o queridinho dos CD's. Tenho a dizer que de queridinho já não tem nada, está até bastante velho e estragado. O anacronismo da coisa foi que, mesmo velho e estragado (cabelinho oleoso...), continua a andar de CD's debaixo do braço...

Esquizofrenia Literária

Se fosse uma personagem de um livro teria de ser três:

A óbvia Bridget Jones, de Helen Fielding, com a consciência política da Mafalda do Quino e os dramas existênciais do Luki-Live de Christine Nöstlinger.

Se quisesse ser mais precisa teria ainda de mencionar a Helena do "Sonho de Uma Noite de Verão" e o Rob Gordon do "High Fidelity". E a Emma e a Elizabeth Bennet da Jane Austen.

Gostava de me identificar com alguma personagem mais profunda, mas acho que sou mesmo shallow...

quinta-feira, agosto 11, 2005

Humores

Acho que tenho um humor mórbido... Rio-me sempre que falam na judia que fugiu de Israel com medo dos atentados e morreu em Londres no Metro. Ou da peça que saltou da Voyager.

Trabalho...

Hoje a minha tarde de trabalho foi passada a encher almofadas de praia. Como a bomba que nos arranjaram não funcionava, resolvi encher à antiga - bufando...

Estou com cãimbras nas bochechas...

quarta-feira, agosto 10, 2005

I'm watching you

terça-feira, agosto 09, 2005

Mad Eyes


O meu elemento

Fire

This is seen to ignite the energy flowing around the body, which is what gives us drive and vitality.

In a positive fire phase you feel:Energetic, goal-orientated, focused, dynamic. Skin is warm and radiant.

In an imbalanced fire phase you feel:Irritable, impatient, over-loaded, burnt out. Skin is prone to allergies, breakouts, eczema, psoriasis and rosacea. Treatments that create heat nurture and calm us, helping to balance the energy and bring us back into focus.

Teste I

Aqui

"Others see you as fresh, lively, charming, amusing, practical, and always interesting. They see you as someone who is constantly the centre of attention, but sufficiently well-balanced not to let it go to your head. They also see you as kind, considerate, and understanding; someone who will cheer them up and help them out. "

Blog vs Cadernos

Sempre tive milhares de cadernos onde escrevo tudo o que me passa pela cabeça. Com o blog poderia pensar-se que essa minha actividade diminuiria. Não. Não só escrevo muitos dos posts primeiro no caderno, como há coisas que me passam pela cabeça e são do domínio exclusivo do caderno.

Faith



Tinha já 76 anos quando ele morreu. Foi um bocado tarde para perceber que ainda não tinha vivido...

segunda-feira, agosto 08, 2005

Self Portrait

Faltava aqui a imagem...

Dinheiro e Felicidade


Quando for rica vou comprar todos os quadros deste senhor...

I like it...

"...the Bobos take everything that is profane and make it sacred."

mmmmmmmmmm.....

Já me chamaram isto...

Ai como eu te entendo...

Confesso que também sou assim...

Zen

Concordo. Até porque as cenas todas da meditação, Yoga e afins dão-me sono. Já adormeci duas vezes a fazer Yoga...

O que perdi por não gostar de acampar...

All my love and all my heart go with you
Just look into my eyes and what can you see?
But all my love and all the time keep with me
I'll keep it with me

Someday soon you'll know how it feels to love someone
Someday soon you'll know how it feels to trust someone

Seven days and seven nights have fallen
Empty streets and bright lights he's walking
So why is it the ones we love we can't trust?
We can't trust

Because someday soon you'll know how it feels to love someone
Someday soon you'll know how it feels to trust someone
To trust someone

It's been a while since I loved someone

Doves, Someday soon

Dos Livros de Liceu para as Melhores Bebedeiras

Jeremiah was a bullfrog
Was a good friend of mine
I never understood a single world he said
But I helped him drink his wine
And he always had some mighty fine wine

Singing joy to the world
All the boys and girls now
Joy to the fishes in the deep blue sea
Joy to you and me.

If I were the king of the world
Tell you what I'd do
I'd throw away the cars and the bars and the wars
And make sweet love to you, say now

Joy to the world, all the boys and girls
Joy to the fishes in the deep blue sea
Joy to you and me.

You know I love the ladies
Love to have my fun
I'm a high night flyer and a rainbow rider
A straight shootin' son of a gun
I said a straight shootin' son of a gun

Joy to the world, all the boys and girls
Joy to the fishes in the deep blue sea
Joy to you and me.

Joy to the world, all the boys and girls
Joy to the fishes in the deep blue sea
Joy to you and me.

Joy to the World, Hoyt Axton

Dos meus livros de Liceu

All my lazy teenage boasts are now high precision ghosts
And they're coming round the track to haunt me.
When she looks at me and laughs I remind her of the facts
I'm the king of rock'n roll completely
Up from suede shoes to my baby blues

Hot dog, jumping frog, Albuquerque
Hot dog, jumping frog, Albuquerque

The dream helps you forget you ain't never danced a step
You were never fleet of foot, hippy.
All the pathos you can keep for the children in the street
For the vision I have had is sweeping
- New broom, this room, sweep it clean

Hot dog, jumping frog, Albuquerque
Hot dog, jumping frog, Albuquerque
High kickin' dandy, fine figure fine cut a fine figure fine oh yeah ;
Long legged candy, fine figure fine cut a fine figure fine oh yeah ;

Now my rhythm ain't so hot, but it's the only friend I've got
I'm the king of rock'n roll completely
All the pretty birds have flown now I'm dancing on my own
I'm the king of rock'n roll completely
- Up from, suede shoes to my baby blues

Hot dog, jumping frog, Albuquerque
Hot dog, jumping frog, Albuquerque
High kickin' dandy, fine figure fine cut a fine figure fine oh yeah ;
Long legged candy, fine figure fine cut a fine figure fine oh yeah ;
Hot dog, jumping frog, Albuquerque
Hot dog, jumping frog, Albuquerque

The King of Rock'n Roll, Paddy McAloon

Para o Lameira: nunca mais vou ter de te perguntar quem canta isto...

Um dia que dava um filme, ou razões pelas quais me chamam Jones

Resolvi fazer um jantar na Costa. Com o calor que estava, achei óptima ideia dar uso ao enorme terraço com vista de mar. Marquei para Sábado. Claro que tive de ir sair na sexta e, à conta de uma sangria maravilhosa que agora descobri, fiquei num estado lastimável. Pior: no Sábado acordei às 9h da matina e já não dormi mais. E estava totalmente ressacada (nem me lembro muito bem o que fiz na sexta...).

Bem, o meu pai ia para a praia e deixou-me em casa (na Costa) por volta do meio dia. Ainda tentei dormir, mas qual quê, não consegui. Lá para as 17h resolvo começar a fazer o jantar. Vou ligar a bilha do fogão e aquela merda fez um "psssssss" que me pareceu suspeito. Voltei a fechar a bilha, mas ficou um cheiro a gás que não se podia. Voltei a mexer na coisinha mas, a páginas tantas, já não sabia se estava a abrir ou fechar ou o que raio se estava a passar. E cheirava IMENSO a gás.

Resolvi chamar ajuda (ok, confesso que ainda liguei para o 112...). Fui chamar o senhor da mercearia, que assim como assim, é ele que vende as bilhas do gás, e me conhece desde que nasci. Começo a falar com ele e ele fica a olhar para mim com um ar para lá de estranho e quando fala, não diz coisa com coisa - falava de fruta e mirtilos e essas cenas... Já achava eu que estava a delirar e que o gás me tinha mesmo feito mal, quando a mulher do senhor da mercearia surge dos confins do estabelecimento, a dizer que o marido sofre de Alzheimer. A senhora lá teve pena de mim e veio comigo e arranjou a cena toda do gás. Abençoada!

Bem, com esta aventura, fiquei atrasada, pelo que vá de arrumar o terraço. Com estava um calor imenso, tirei a saia e fiquei de top e cuecas a dar uma de faxineira (não, não façam filmes: o topo não era muito curto, e temos imensas plantas no terraço...). De repente, quando dou por mim, tenho quatro velhos no prédio em frente prestes a terem uma síncope com o meu deboche. Com uma mão à frente e outra atrás (literalmente!!!) corri para dentro de casa.

Ora com tanta agitação, comecei a ficar enjoada e com tonturas. Achei que era do gás. Quase que fiz o testamento. Achando que morrer era uma questão de minutos, fui tomar um duche de água gelada. Foi quando senti os primeiros pingos na cabeça que me lembrei que ainda não tinha comido NADA o dia inteiro. É que com a ressaca, ainda só me tinha passado na boca água e leite. Lá comi e preparei o jantar.

Enfim, valeu a pena. O jantar foi bem engraçado (não volto a jogar ao lobo mau tão cedo, porque sou sempre a primeira a morrer...) e ainda fomos ao Pé Nu, onde além de me porem um carimbo na mão que não há meio de sair, não me lembro muito bem do que se passou. Tipo lembro-me de chatear o porteiro e de convencer a fila da casa de banho dos homens a deixarem a minha amiga Sara passar-lhes à frente (consegui!). Lembro-me que fui molhar os pés também...

Enfim, como calculam, ontem mais não fiz do que vegetar...

sexta-feira, agosto 05, 2005

Ooooooooooooooooops

She's back...

Joana e o Lobo

Já disse tantas vezes que o tinha esquecido, que agora que é a sério ninguém me acredita...

Actualização I

Quando bebo um pouco mais sofro, como dizer, de amnésia. Ainda por cima nunca tive boa memória para caras (ah, o que gozei com o meu pai por ter cumprimentado um Primeiro Ministro - Mota Pinto - achando que ele era amigo do meu Avô...). Por tudo isto, tive de ser apresentada a estes senhores quatro vezes (4!) até que os fixasse (é o mal de conhecer gente na noite... durante o dia a história teria sido diferente...).

Agora que já sei (A SÉRIO) quem são, vão ter de me aturar - na vida real e na blogosfera.

Actualização II

É um velho amigo de liceu. Está em Madrid. Graças a Deus pela blogosfera que nos permite ir sabendo desta gente da diáspora...

Actualização III

Já o sigo há muito, na vida e na blogosfera... Por isso era um crime não ter o link...

Actualização IV

Há muito que ela mudou de casa... Faltava actualizar a barra de links...

Confissão

OK. Confesso que estou viciada no su doku.

Summer Night ou as delícias de viver em Campo de Ourique

Ontem à noite estava um calor infernal. Pelo que quando me sugeriram sair disse "saio, mas não me vou enfiar num sítio fechado". Como tenho a sorte de morar em Campo de Ourique (que, tenho para mim, é um dos sítios mais aprazíveis de se viver em Lisboa) resolvemos, simplesmente, andar "por aí".

Deambulámos durante 2 horas pelo bairro. Encontrámos um Pai, um amigo de irmão e um amigo de infância. Comemos um gelado, vimos montras. A dada altura, passávamos pela Igreja de Santo Condestável e os aspersores estavam ligados. Por pouco não cometemos a ilegalidade de saltar para a relva molhada, descalças - só não o fizemos porque estava por ali mais gente e a esquadra é a menos de 200 metros do local. Deixámos-nos ficar uns minutos encostadas às grades, a apanhar as gotas que até nós chegavam.

Andámos mais um bocado e resolvemos ir ver se o Jardim da Parada também era regado (as grades que nos separavam da relva eram mais baixas e, assim como assim, a esquadra sempre estava mais longe...). Claro que com a sorte que me caracteriza, não havia rega para ninguém (por causa da seca, pois claro, que os aspersores da Igreja deitam água benta...), pelo que nos deixámos ficar à conversa, descalças (ainda apanhámos um susto com um mini-cão que nos quis comer os chinelos...), na beira do lago.

Quando cheguei a casa tomei um belo duche de água gelada e nem me sequei, vesti logo o pijama. Se não fosse ter ficado a fazer su doku, tinha dormido como se vivesse num país de clima ameno...

quinta-feira, agosto 04, 2005

Before you go go

Somethin' filled up
my heart with nothin',
someone told me not to cry.

But now that I'm older,
my heart's colder,
and I can see that it's a lie.

Children wake up,
hold your mistake up,
before they turn the summer into dust.

If the children don't grow up,
our bodies get bigger but our hearts get torn up.
We're just a million little god's causin rain storms turnin' every good thing to rust.

I guess we'll just have to adjust.

With my lighnin' bolts a glowin'
I can see where I am goin' to be
when the reaper he reaches and touches my hand.

With my lighnin' bolts a glowin'
I can see where I am goin?
With my lighnin' bolts a glowin'
I can see where I am go-goin?

You better look out below!

Wake Up, Arcade Fire

quarta-feira, agosto 03, 2005

Manias

Tenho sempre razão. Mesmo quando não quero...

Crise de Meia Idade Anunciada

- Estou noivo...

- (gargalhada, daquelas que eu dou e se ouvem do outro lado do Mundo)

- A sério...

- No Natal dizias que nem sequer gostavas dela...

- Pois...

- E agora já gostas?

- Não, mas estou farto...

- (risos) de quê? Dela?

- Não... De estar sózinho...

Chain Reaction

I was alone, you were just around the corner from me.
Time alone is good, I spend my days in the city,
Dirty neighborhood, you know you’ll never convince me,
So I sold the town away, I couldn’t wait to forget you,I
was killed in half a day, I hadn’t time to regret you,
And I was waiting over here for life to begin,
I was looking for the new thing.

Pete Yorn, Life on a chain

Enjôo Matinal

Esqueci-me do telefone em casa e só descobri a meio da Rua do Sol ao Rato. Corri rua acima, com o sol da manhã já a queimar as costas. Voltei a descer num frenesim doido. Perdi aquele comboio por uma unha negra. Esperei pelo próximo e corri para o trabalho.

Agora estou enjoada...

terça-feira, agosto 02, 2005

Vodka com Sumo de Morango

-vá lá, diz lá...

- não, tu não vais entender (risos)

- vá lá... não te rias... porque és sempre assim?

- do aplauso. (risos)

- do quê? (risos)

- eu disse que não ias entender, és mesmo estúpido...

- vá lá, fala a sério...

- é do aplauso, de uma admiração. É aí que tudo começa...

Vejo a casa e o jardim. Vejo as caras amorosas à mesa, já com os pequenos pijamas vestidos. Oiço a chuva que cai lá fora e sinto o calor da minha cozinha. O chão de tijoleira arrefece-me os pés descalços enquanto cozinho para eles. Vejo os anos que passam e as árvores que crescem e o meu cabelo, sempre desgrenhado, transforma-se numa massa prateada.

Oiço-os brincar e correm para o meu colo. Sinto o cheiro doce da pele que também é minha, quando mergulho o nariz nos seus pescoços e os oiço rir com cócegas. Sinto os seus pés pequenos no chão de madeira, tentando em vão não me acordar, nas manhãs de Domingo. Oiço zangas, gritos e risos, muitos risos.

Neste instinto que é animal e que o sonho verte na realidade encontro um espaço onde sou feliz.

O cabelo é cinzento
quase branco,

Os olhos são feitos de um cinzento
quase branco,

A memória tem um brilho cinzento
quase branco.

A cara da velha senhora
Carrega a certeza do esquecimento
Tatuada em rugas, como um caminho de Morte,
Em traços fortes de carácter.
A voz é um murmúrio rouco e arrastado
Um silvo leve e cansado
De quem se arrasta para o Fim.

segunda-feira, agosto 01, 2005

A intensidade do grito estava espelhada no ranger dos dentes num sorriso cordial...

 
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